NOS Alive'15: a calma de James Blake cala a histeria dos Prodigy
11.07.2015 às 2h39
Impávido e sereno, músico britânico ofereceu concerto sem tempos mortos e deixou ainda mais evidente a urgência de um espetáculo em nome próprio.









"É bom estar de volta", declara James Blake pouco depois de subir ao palco Heineken, lugar onde já foi feliz no passado (e onde voltou a ser feliz hoje). Munido de um alinhamento certeiro, o músico londrino conseguiu fazer com que mesmo as suas canções mais introspetivas abafassem a loucura que os Prodigy imprimiram ao seu concerto no palco principal.
Com "I Never Learnt to Share" servido logo a abrir, Blake encara a multidão de frente e mergulha em auto-samplings que pintam a música com camadas infindáveis de loops. A solenidade de "Limit to Your Love", mais as suas teclas hipnóticas e voz em câmara lenta, arrancam o primeiro coro afinadinho do público, que explode de emoção quando uma pausa dramática marca a passagem para os ritmos trip-hop que intensificam o momento. "Este gajo parece o James Blake, man", ouvimos ao nosso lado. É verdade, parece mesmo.
"Lindesfarne II" surge vinda do fundo de um poço diretamente para os nossos ouvidos, num instante que só não é perfeito porque em nosso redor há toda uma panóplia de conversas cruzadas, rituais de engate, selfies e outras distrações. "Life Round Here", um dos temas mais excitantes de Overgrown, o segundo álbum de Blake, cola com o expansivo "Digital Lion" e as deambulações dançáveis de "Voyeur" para uma sequência certeira.
Para o final de um concerto curto mas intenso - para quando um espetáculo em nome próprio? - ficam guardadas as jóias "Retrograde", em lume brando, e "The Wilhelm Scream". De volta à realidade, depois da magia que escorregou do palco na voz de Blake, somos acordados por uma exclamação a plenos pulmões: "é só betas. Isto parece o Tamariz". Foi ela quem disse. Nós só ouvimos.
Texto: Mário Rui Vieira
Fotos: Rita Carmo/Espanta Espíritos
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