Pantera: quando Phil Anselmo, Dimebag Darrell e companhia estiveram em Portugal
09.02.2016 às 9h00
A banda do polémico Phil Anselmo, sob fogo por estes dias, deu dois concertos entre nós - o segundo em nome próprio e no auge da popularidade. Levamo-lo a uma viagem aos anos 90
Na sua primeira digressão europeia, os Pantera visitaram Portugal a 12 de março de 1991. Mas nessa altura apenas tiveram direito a meia hora de palco na noite em que os Judas Priest eram cabeças de cartaz. Nessa época, o jornal BLITZ descrevia o som como «thrash-hardcore», mas já registava que em Cowboys From Hell se ouvia «bem mais que uma cavalgada». Três anos depois, a 17 de outubro de 1994, o grupo regressaria em nome próprio e com direito a aviso: meses antes, em abril, eram entrevistados pelo BLITZ. Anselmo defendia que no «meio da raiva e agressão havia uma atitude positiva» e que as letras apenas refletiam «os problemas raciais e com droga» que se sentiam nas suas duas cidades - Nova Orleães e Dallas -, gabando-se de ter um guitarrista com um som «vinte vezes mais pesado» que os Metallica. Vinnie Paul recusava o estatuto de banda da moda: «nos Estados Unidos as pessoas gostam é de bandas alternativas como os Soundgarden» e garantia que a sua música era facilmente entendida por todos. «Não há truques para enganar as pessoas, não há uma balada para passar na rádio, fazer as pessoas comprar o álbum e mais tarde chegarem a casa e descobrirem que somos um grupo barulhento. Quem compra um disco dos Pantera já sabe do que se trata».

Dimebag Darrell, guitarrista dos Pantera, em Cascais
Rita Carmo

Phil Anselmo, vocalista dos Pantera, em Cascais
Rita Carmo
O arranque do espetáculo de outubro foi assinalado com a projeção de uma folha de canábis no teto - na altura os Pantera participavam numa campanha pela sua legalização - e por uma violenta explosão em «New Level». Deu para tudo. Anselmo fumou charros em palco, lançou cerveja ao público, vestiu uma t-shirt vinda da plateia (naturalmente adornada com o símbolo da mais célebre folha do mundo), Dimebag tocou com uma lâmina de barbear ao pescoço, também oferecida pelo público, e ainda se lançaram a algumas versões - Anselmo tocou guitarra em «Whole Lotta Love», dos Led Zeppelin, e em «Angel of Death», dos Slayer, mas voltou ao microfone para «Planet Caravan», cover dos Black Sabath incluída em Far Beyond Driven. Em palco, estiveram pouco mais de uma hora, tempo suficiente para quem toca à velocidade do galope de cowboys infernais.
Texto: Filipe Garcia
Originalmente publicado na revista BLITZ de maio de 2014.
Relacionados
-
Phil Anselmo pede desculpa por ter feito saudação nazi: “Deem-me outra oportunidade”
Ex-líder dos Pantera gravou um vídeo com um pedido de desculpas depois de ser muito criticado pelo gesto
-
Pantera: A tempestade perfeita de Phil Anselmo
Entrou na banda aos 19 anos e desde então esteve várias vezes envolvido em polémicas. Aquando do 20º aniversário do clássico Far Beyond Driven, Phil Anselmo - que tem hoje a comunidade do heavy metal a condená-lo por repetidas atitudes racistas - recordou à BLITZ as glórias e as tormentas dos Pantera.
-
Phil Anselmo faz saudação nazi (o quê, outra vez?) após um concerto
Vocalista dos Down, ex-Pantera, terminou um concerto de tributo a Dimebag Darrell da pior forma. Não é a primeira vez que está envolvido em polémicas do género